quinta-feira, 4 de novembro de 2010

mostra - dia 14


Uma Carta para Elia, de Martin Scorsese

para terminar esse rolê todo de escrever sobre mais uma mostra, a oitava da minha vida: vocês devem ter percebido pelas cotações o quanto a safra foi fraca. não dei nenhum 4/4 (ok, uma surpresa - nada surpreendente, na verdade - aguarda vocês) e foram alguns vários 0/4. não sei se eu estou um pouco diferente, mais exigente, mais difícil de ser realmente conquistado pelos filmes, talvez esteja mesmo. mas o fato é que alguns foram prejudicados pela expectativa desproprcional (provavelmente eu nunca tinha entrado numa sala com tanta como foi pro tio boonmèe), ou por simplesmente serem fracos e quadrados e não terem quase vida nenhuma (homens e deuses grande prêmio do juri? what the hell, cannes?)

o fato é que nós estamos vindo de um ano sobrenaturalmente bom, que foi 2009, com uma das melhores safras que eu lembro de ter visto - de cabeça, tinha mother, bad lieutenant, vincere, time that remains, viajo porque preciso, thirst, polícia, adjetivo, etc etc etc, isso ficando só no circuito de arte e sem abrir pro mainstream (hurt locker, inglorious basterds) - e com certeza esqueci de coisa pra caralho aí. fico triste demais em ver que, em 2010, só uns quatro filmes da mostra merecem dividir um parágrafo com esses aí de cima (cópia fiel, tio boonmee, my joy e a surpresa nada surpreendente). basicamente, uma tragédia em forma de ano.

vou começar a destilar meu mau humor frustrado pela decepção completa com os filmes: muito bonita a iniciativa de dar o prêmio do juri em cannes pra esse um homem que grita, mas todo mundo sabe que não passa de um incentivo e de um "prêmio de consolação", praticamente um brinquedo que você dá pra um bebê por ele ter aprendido a usar o penico. é mais ou menos isso, e eu não vou dizer que não é válido - claro que é. mas já é plenamente imaginável por essa introdução o que eu achei do filme.

um homem que grita é um filme correto e bem realizado, mas longe do merecimento próprio de qualquer prêmio. passa sem efeitos pela vida, a não ser que você seja um remanescente da guerra civil do chade. não se nega o valor que um filme possa ter para o seu povo, mas como cinema ele é apenas um exemplar mediano.

e exemplar mediano é uma expressão que caracteriza lindamente clara, produção alemã sobre clara schumann, maestra, compositora, música e sabe-se lá mais o que. é um filme simpático, lotado de boa música, com boas situações e um desenvolvimento correto, mas que passa longe de empolgar.

(observação antes de ir para o que interessa. quando partimos ganhou a mostra. puta que pariu, isso passa dos limites do inacreditável. ok, não, é bem lógico, visto que os velhinhos e velhinhas da mostra adoram esse tipo de dramalhão com clichês transbordando pela boca, marionetes de tragédia e a porra toda. só posso lamentar.)

tá, vamos pro que interessa.

todo mundo sabe o quanto eu admiro martin scorsese, com certeza um integrante vitalício do meu top 5 de cineastas favoritos. vocês podem espernear, brigar, me xingar à vontade, dizendo que eu sou um fã puxa-saco, não tenho o que fazer o que mais possam querer. mas uma carta para elia é lindo demais e o melhor filme que eu vi nessas duas semanas de festival.

pronto, essa é a surpresa nada surpreendente. óbvio que o scorsese ia me salvar, não?

uma carta para elia é uma declaração de amor ao cinema e eu não devia escrever nada sobre ele. iria estragar a emoção, completamente. martin scorsese ama o cinema de uma forma intensa, devastadora, tem os filmes guardados com um carinho maior que o mundo num canto separado de seu coração - que provavelmente já é maior que o coração da maioria esmagadora das pessoas.

essa relação que ele diz ter com elia kazan é, no mínimo, uma coisa que qualquer jovem aspirante a cineasta entende perfeitamente. ele se via nos filmes de kazan, via as situações de sua vida, via os seus momentos, estudava os movimentos de câmera, a iluminação, vinte, trinta vezes. eu acredito que todo mundo que tenha paixão por essa arte tem aquela pessoa que a inspira, que parece falar por você. quem me conhece mais de perto sabe que é o que acontece comigo e john cassavetes, que aliás, é citado por scorsese nesse filme aqui.

e aí, surge um emaranhado de raciocínios que eu mal consigo explicar sem quase fundir meu cérebro. mas é essa rede de apaixonados pelo cinema que formam quase um ciclo eterno que mantem a arte viva. eu queria, um dia, ser bom ao ponto de poder fazer um a letter to martin ou, mais ainda, um a letter to john, que seja capaz de emocionar tanto os jovens aspirantes a cineastas como esse aqui me emocionou. é, acho que é o melhor resumo que eu posso fazer.

(um homem que grita - 2/4, clara - 2/4, uma carta para elia - 4/4).

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

mostra - dias 12 e 13


Hugh Hefner, de Brigitte Berman

fazem umas duas semanas que eu achei uma macumba em uma casa abandonada numa vila fantasma e botei fogo nela. tinha nomes de pessoas, milhos, muito jornal e outras coisas estranhas.

até então, nada tinha me acontecido. mas esse dia dois de novembro, coincidentemente dia dos mortos, foi de uma tenebrosidade absurda.

tudo começou relativamente bem: documentário sobre hugh hefner, o dono da playboy e um dos maiores gênios que esse universo já começou. ele já começa resumindo basicamente o que tem a ser dito: me mostre um homem no mundo que não daria a bola esquerda pra ser hugh hefner. é, eu daria. sem pensar duas vezes.

(ok, não aos 80 anos, quase morrendo, como hoje. e não aos 22, minha idade, quando ele ainda nem tinha idéia do que viria a ser a playboy. pensando melhor... me façam a pergunta de novo daqui há uns 15 anos.)

é um documentário totalmente tradicional na sua forma, feito pelo instituto canadense, ou seja, uma sumidade em documentários clássicos. apresenta o cidadão, sua vida, sua obra. entrevistas, depoimentos, imagens de arquivo, equipe não aparecendo em momento nenhum. quadrado, mas extremamente eficiente devido à complexidade de hugh e de todo seu legado para a humanidade.

são discutidos diversos temas, não só a playboy e as mulheres. toda a relação de hugh hefner com a aceitação dos negros na mídia, sendo o primeiro homem a permitir que eles frequentassem um programa de televisão e clubes que antes eram exclusivos para brancos, disseminando o jazz na sociedade, lutando pela liberdade sexual feminina, praticamente um pioneiro nas guerras contra o preconceito e a caretice nos estados unidos. com uma figura dessas, uma obra artística apenas correta dá conta de ser interessante o tempo todo.

as coisas continuavam bem com a primeira hora de símbolo, filme que galgava para o posto de melhor visto na mostra, totalmente louco, anárquico e inovador, até que uma pane geral da sala interrompeu a projeção. aí, vocês sabem como funciona: vai voltar em vinte minutos. passam-se quarenta e nada resolvido. só mais cinco minutinhos!, e assim eternamente até o cancelamento. o lado bom é que foram doze dias pra uma bizarrice dessas acontecer (comigo) na mostra! um milagre, normalmente já acontece no primeiro dia. pena que foi na sessão errada. na mais errada possível.

download sendo realizado. sei que você odeia pirataria, cakoff, mas porra, faz as coisas direito ou você nos obriga a isso. nos próximos dias, conto a impressão final sobre essa loucura japonesa.

e daí, tudo só piorava. por que não cancelaram a sessão seguinte? por que? era simplesmente brilliantlove, uma das coisas mais medonhas que lembro de ter visto na minha vida cinematográfica.

é mais ou menos assim: um casal trepa o dia inteiro, e a noite também. sem problemas, pessoas trepam. dias inteiros e noites também. ele, um completo paspalhão incapaz de pronunciar duas palavras, tira fotos dela enquanto isso. pelada, gozando, gemendo, o que mais vocês puderem imaginar. um dia, ele esquece as fotos num boteco, que são encontradas por um empresário do ramo da pornografia. ele acha aquilo genial e publica.

a partir daí, as piores situações possíveis são desenvolvidas por dois personagens que são mais irritantes, burros, imaturos e mimados que aqueles que eu já tinha descrito anteriormente, de modra. os dois são completamente vazios, além disso. não são capazes de raciocinar, parecem duas marionetes do roteiro pra filmar cenas de softporn com uma ou outra imagens de pinto e boceta e simulação de porra voando pela cena. se fosse pra definir isso aqui, definiria como um sub-9 canções. aí é possível notar a gravidade do negócio.

eu ia me dirigindo para ver howl, sobre a criação e depois julgamento de um dos meus livros favoritos, o homônimo de allen ginsberg. porém, ele não chegou. no lugar, botaram quando partimos, filme alemão que vai tentar a indicação ao oscar de filme estrangeiro. decidi ver.

e porra, QUE ERRO, carlos massari, QUE ERRO.

se brilliantlove era um sub-9 canções, esse aqui é um sub-crash no limite. ok, exagero, mas ele usa dos mesmos clichês e situações limites horrorosas pra criar todo o seu dramalhão, claro, com raízes sociais. eu já cansei de dizer infinitas vezes o quanto odeio personagens que são marionetes da tragédia inevitável e que estão ali na tela só para sofrer, sofrer e sofrer o tempo inteiro. pois bem. posso parar por aqui.

feo aladag, que tal ver um pouco de marco bellochio antes de tentar fazer um melodrama de novo?

depois, o cinema romeno. aurora, do mesmo diretor do excelente a morte do sr. lazarescu, é praticamente uma ultra-execução do modelo que esse novo cinema romeno excepcional tem feito nos últimos anos. as cenas silenciosas, os personagens cheios de dores, os planos longos, as conversas. a obra tem 180 minutos, muitos deles desnecessários, mas acaba se fechando de forma bastante digna. a exemplo de polícia, adjetivo, temos uma cena final magnífica, apesar de as duas serem deveras parecidas. aqui, fico com uma impressão até um pouco irônica da coisa. cristi puiu tem muito talento e com certeza está na minha lista de cineastas dos quais os próximos filmes são imperdíveis.

do grego na floresta, tudo que possa ser dito será chover no molhado - é uma obra interessante por seu valor conceitual, com câmera na mão acompanhando os personagens praticamente em super close quase o tempo todo. é uma exaustão de orelhas, narizes e bocas na tela. praticamente não existe nenhum diálogo, e são esses três personagens que ficam numa floresta afastados da civilização e a relação entre eles, contada por toques de pele, sorrisos, olhares e fodas. se perde muitas vezes e me parece vazio e inconsequente, mas tem seu valor experimental.

foram horas de tensão tentando descobrir se a cópia de homens e deuses chegaria ou não. na última hora, ela chegou. comemoração, todos se abraçaram. opa, não. isso foi em cannes com tio boonmee.

esse homens e deuses, filme francês que levou o grande prêmio do júri em cannes, é um retrato quadradíssimo do sequestro e assassinato sofrido por monges católicos na argélia na década de 90. trata-se de uma obra completamente dentro dos padrões cinematográficos de narrativa, de câmera, do que quer que seja. não ousa inovar em momento nenhum, não pensa adiante em lugar nenhum.

praticamente caímos de novo no que eu disse sobre hugh hefner: a narrativa extremamente quadrada sobrevive e se levanta graças ao tema interessantíssimo.

não sei vocês, mas eu prefiro coelhinhas a monges.

(hugh hefner - 3/4, símbolo - ?/4, brilliantlove - 0/4, quando partimos - 1/4, aurora - 2.5/4, na floresta - 1.5/4, homens e deuses - 2.5/4)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

mostra - dia 11


Film Socialisme, de Jean-Luc Godard

é engraçado perceber as diferenças entre o você atual e o você de quando começou a frequentar a mostra. naquela época, além de usar gel no cabelo moicano, roupas estranhas e normalmente usar o preparo físico adolescente pra correr do extinto cineclube directv (lembrança maldita) ao frei caneca, eu normalmente usava meu tempo livre de uma hora entre filmes pra ir em livrarias ou lojas de dvds. minhas diversões eram me torturar dentro daqueles lugares cheios de objetos de desejo inalcançáveis. com o tempo, simplesmente abandonei esse hábito nada saudável.

o tempo passou e, no meio dele, houve anos que eu estive todos os dias acompanhado por ex-namoradas (não ex na época, por favor) ou peguetes, anos que não encontrei absolutamente ninguém conhecido durante toda a duração do festival e vi todos os filmes sozinhos, houve minha transição de visual. o moicano foi embora em 2004 e hoje meu cabelo é absolutamente normal, bem como o cavanhaque de sempre e a peça que entrou a pouco tempo - os óculos escuros. sou mais um na multidão. e uma exceção gigantesca - alguém que não usa roupas indies no meio daquele mar de blusas listradas ou de bolinhas. e a parte principal - nunca mais entrei na fnac, na cultura ou na 2001 vídeo. tendo uma hora livre, minha cabeça já junta automaticamente as três letras mais importantes e universais possíveis: b a r. e outras sete que são indispensáveis à vida: c e r v e j a.

dito isso, existe um preconceito gigantesco contra filmes sobre adolescentes ou romances e aventuras sexuais adolescentes nesse circuito de mostra. saindo da sessão de o mito da liberdade hoje, ouvi duas senhoras - típicas criaturas do festival - comentando que era um absurdo um filme como esse ter passado. claro, vocês nunca foram adolescentes, né? já nasceram com 50 anos, ranzinzas e "intelectuais", creio eu? parabéns, então!

a sinopse aqui é que um emaranhado de personagens na transição entre a high school e a faculdade sai à noite em busca de beijos e sexo e amor e putaria e diversão. esse é american pie, opa, errado, é o mito da liberdade. não se trata de uma comédia, mas sim de um filme que tenta entender seus personagens, claramente um olhar com carinho de quem já passou por isso. são calouros e veteranos e amigos e amigas e namoradas e piriguetes todos devidamente perdidos nesse mar, simplesmente buscando terminar a noite com alguém.

eu tenho uma tendência a gostar desse tipo de filme, uma vez que acabo me identificando pra caralho. principalmente porque a narrativa se encaminha pra um oceano de fails, e todos nós sabemos que o número de noites de festas e bebidas e busca por putaria (pra nem mencionar amor) que acaba em fail é bem maior que as que acabam em sucesso. ainda mais aqui, que os personagens são carismáticos e as situações são tão plausíveis e comuns do nosso dia-a-dia, como o veterano indo atrás da bixete gatinha e... bem, deixa pra lá.

o cinema é livre. não vamos ser arrogantes e pensar que todos os filmes tem que ser sobre filosofia ou guerra ou poesia tailandesa ou morte. não. todo mundo já foi adolescente, todo mundo já saiu à noite querendo beber até cair, trepar com alguém ou simplesmente dividir uma garrafa de vodka. não tem porque achar que isso é um tema menor que a filosofia godardiana. não é.

pra encerrar o assunto, o filme foi bem prejudicado por outra cópia horrorosa. porra, mostra, isso tá cada dia pior.

existe muito pouco a ser dito sobre esse novo godard, film socialisme. ele próprio encerra a obra com um "no comment" piscando na tela. e o cineasta francês - que todos sabem, é meu preferido, apesar de cada vez mais ser ameaçado por john cassavetes no posto - já não faz nada que se adeque à narrativa ou a estética tradicionais a pelo menos 40 anos, não ia ser agora que voltaria a isso. pelo contrário, cada vez que lança uma nova peça cinematográfica, mais transgride o que estamos acostumados, mais destrói os padrões.

é muito simples: você gosta de godard e suas loucuras? veja. vale a pena, recomendo completamente. não gosta, acha chato? passe longe. os problemas de todo mundo estão resolvidos. godard continua sendo godard e continuará até depois de sua morte. provocador, autêntico, inovador. os adjetivos mais clichês possíveis relativos a ele, mas que são extremamente precisos.

na mostra de 2004, eu vi um filme argentino chamado buenos aires 100 km, outro sobre um tema que as senhoras "intelectuais" que acham planos de florestas e filosofias de walter benjamin maiores que a vida não suportam: a transição da infância para a adolescência. nunca esqueci daquele filme, me marcou absurdamente. algumas cenas em especial tiveram uma identificação terrível. o campeonato de futebol, o primeiro beijo com a garota bonita da sala que ia embora em seguida, as coisas que antes significavam tudo na vida passando a não significar nada. marquei o nome do diretor: pablo jose meza. e esperei, um dia, outro filme dele.

foram seis anos até que, sem querer, vi na lista da mostra desse ano um tal a velha dos fundos, de pablo jose meza. opa, era ele de novo. tinha que ver, obrigatoriamente.

a velha dos fundos é um filme daquele gênero que eu admiro extremamente, os filmes sem conflito. não existe nenhuma situação limite movendo a trama, é o acompanhamento da vida de dois personagens medíocres levando suas vidas medíocres. a normalidade, o dia-a-dia, as conversas vazias, a falta de sentido em tudo. meza mais uma vez acertou em cheio pelo menos de forma pessoal comigo, já que é um tipo de narrativa que eu sempre pensei em desenvolver, e aliás tenho alguns esboços. mas não é uma obra especial, nem de perto se parece com buenos aires 100 km. não foi exatamente uma completa cobertura da expectativa, mas trata-se de um trabalho bem decente.

(o mito da liberdade - 2/4, film socialisme - 3/4, a velha dos fundos - 2.5/4)

domingo, 31 de outubro de 2010

mostra - dias 9 e 10


Tio Boonmee que pode recordar suas vidas passadas, de Apichatpong Weeresethakul

Depois de dez dias de mostra, ainda não sofri com nenhum grande problema de atraso, cópia que não chegou ou outros tipos de panes estranhas típicas, apesar de já ter ouvido alguns casos como o do áudio da vinheta ter vazado em cima da projeção já adiantada de um filme. Deve ter sido deveras engraçado alguma cena triste e sombria com aquela musiquinha ao fundo. Enfim, por um lado, sorte minha. Mas existe algo a ser realmente relatado com cuidado: a qualidade das cópias que o festival vem exibindo.

Algumas tem sido exibidas com problemas na cor, escuras demais ou claras demais. Outros filmes são completamente distorcidos devido à má conversão de formato. Porém, algumas sessões foram assustadoras. Segue o primeiro exemplo:

Quando começaram a aparecer na tela as primeiras imagens de Caterpillar, eu realmente achei que se tratava de uma opção estética do filme. Pareciam aqueles clipes televisivos da década de 60 que as emissoras jundiaienses passam de madrugada. Aos poucos, eu percebi: não, aquele realmente era o estado da cópia. E teve que ser assim até o final. Praticamente uma tortura, pior que qualquer dvd que você possa comprar em um terminal de ônibus com feira à sua escolha.

claro que a imersão neste filme de koji wakamatsu ficou bastante prejudicada, ainda mais para uma obra que tem como principal característica a busca do choque com imagens e situações fortíssimas. (percebi agora que eu tava usando letras maiúsculas no começo das frases, what the hell? nunca na minha vida fiz isso.) a intenção é ser uma crítica muito forte à guerra, e é com um "deus da guerra" que volta para casa sem nenhum membro, surdo, mudo e deformado e ainda assim é ovacionado por todos que se faz toda essa depredação. wakamatsu não poupa planos pelas faltas de membros e deformidades do guerreiro. é cruel e seco, tentando causar repulsa, tentando sempre manter um estado de tensão e inconformismo no ar.

eu não costumo gostar de filmes que busquem o choque pelo modo mais fácil, ou seja, jogando imagens fortes na tela o tempo todo. é um recurso fraco e que perde para a sutileza, a construção da situação que te devasta aos poucos. wakamatsu tem seu estilo de fazer cinema que, pelo menos pra mim, não funciona muito. mas reconheço os méritos e o grito anti-guerra.

a adaptação de gabriel garcia marquez do amor e outros demônios tem gerado muitos comentários positivos dos colegas e acabei indo ver. é um filme bastante sólido e com uma estética muitas vezes impressionante - principalmente pela fotografia e construção de planos - mas que sinceramente não me agradou muito. o desenvolvimento é extremamente rápido, as conclusões pulam na tela com uma velocidade absurda e mal deixam tempo para um clima ou uma percepção da trama. provavelmente a obra exigia uma duração bastante maior. me passou a impressão de um trabalho apressado, apesar de todos os méritos visuais. agora, é preciso ser dito que é outro nível de adaptação de garcia marquez, sem comparação com coisas medonhas como o amor nos tempos de cólera.

ah, tio boonmèe. é difícil entrar na sala sem lembrar dos comentários de cannes. entre eles, estavam alguns como é o melhor filme da história do cinema, estamos todos abraçando-nos! a expectativa era maior que o mundo.

vocês sabem, expectativas destroem qualquer coisa. pisam em cima. esmagam. não sobra nada do que realmente se achava que seria. é assim com tudo, de encontros amorosos a jogos de futebol. de mulheres quando tiram a roupa a lugares pra se conhecer. é assim, principalmente, com filmes.

e não me entendam mal - tio boonmèe é um belíssimo filme, repleto de poesia, com um imaginário e uma amenidade todos realmente conquistadores. com um jeito de filmar que é particular de joe e já, nesse seu princípio de obra, com os planos longos da vegetação, do vento balançando as árvores, com os personagens que são cheios de sabedoria. o filme é lindo, na verdade. o tom soturno dos diálogos, as vozes, os macacos, as cenas na caverna. o céu é superestimado. não tem nada lá. cinema marcante.

mas não é o melhor filme de todos os tempos. não é nem o melhor filme dessa mostra até aqui (cópia fiel). não é, principalmente, o melhor filme do próprio joe (eternamente sua).

passemos da tailândia para o sri lanka. da poesia para a escuridão.

karma, de prasanna jayakody, é tão ou mais pesado que caterpillar. provavelmente mais. e é repleto de boas idéias e demonstrações de talento. a porrada aparece logo de cara, com um plano longuíssimo de uma mulher morrendo de câncer se esforçando pra respirar numa cama. aquela respiração dolorida e demorada. a cena dói fundo no público. e outros exemplares do tipo virão durante a uma hora e vinte e pouco de projeção.

gosto de muita coisa aqui, mas infelizmente, acho que o filme se perde completamente quando se aproxima de sua conclusão. sem entrar em detalhes para não estragar nada, apesar de ser quase impossível que alguém que leia isso venha a assistir essa peça da cinematografia cingalesa, mas o talento está aí. certamente veria uma próxima aparição do sr. (ou sra?) jayakody no festival.

(tweetei que tinha visto um filme do sri lanka, ao que recebi uma resposta de uma garota provavelmente de lá, what you said about sri lanka? - existe coisa mais fascinante que o twitter?)

(ok, nós todos sabemos que existe)

o banho de sangue de takeshi kitano, ultraje, foi exibido também com uma cópia porquíssima, apesar de não se comparar com a horrível de caterpillar. é divertidíssimo, descompromissado, sem nenhuma intenção poética ou política - pura e simplesmente um banho de sangue, com mortes e assassinatos de todos os tipos, dedos cortados, fuzilamentos, esfaqueamentos e tudo o mais. guerra da yakuza no melhor estilo. provavelmente o filme mais leve da mostra. sim, eu sei que sou doente mental por essa afirmação.

(caterpillar - 2/4, do amor e outros demônios - 2/4, tio boonmèe que pode recordar suas vidas passadas - 3.5/4, karma - 2.5/4, o ultraje - 3/4)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

mostra - dia 8


Minha Felicidade, de Sergei Loznitsa

existem dois tipos de pessoas que são realmente capazes de me irritar: as lerdas e as folgadas. normalmente, quando eu ando nas ruas ou em algum lugar público e me deparo com elas atrapalhando a vida alheia é absolutamente impossível não notar minha completa situação de transtorno. porém, tudo sempre pode piorar: existem as pessoas lerdas E folgadas.

na mostra, essas pessoas se personificam em um ato: aqueles seres doentios e enviados por satanás que insistem em montar sua programação na fila da central. a tragédia ocorre da seguinte forma: você, com pressa e quinze minutos para seu próximo filme começar, chega na fila e percebe que são só três pessoas à sua frente. tranquilo, dará tempo, você pensa imediatamente. porém, faltando só um ser para finalmente sua vez chegar, ocorre o episódio demoníaco: a criatura, talvez por puro sadismo, tira o catálogo da bolsa e começa ali a marcar o que pretende ou não ver. e assim vai por infinitas horas, inclusive com perguntinhas para o atendente: e aí, vejo o sol ensolaradamente solar ou a ascenção e a queda dos jacarés tailandeses? ah, se você tivesse um machado ou algo que causa uma morte dolorosa, hein?

senhores, hoje eu perdi hora, não acordei a tempo e acabei chegando no cinema para ver o documentário sobre william burroughs GÊNIO com meia hora de atraso. um absurdo pessoal. missão abortada. tive que me virar pra escolher outro filme para ocupar o espaço.

o escolhido foi o italiano o herdeiro, de michael zampino. infelizmente, é um produto sub-supercine, com alguns momentos engraçados ou de relativo interesse mas afundado em clichês e situações padrão do suspense hollywoodiano. mostremos só a sinopse: homem herda uma casa da qual nem sabia a existência de seu pai. ao chegar lá, conhece seus vizinhos estranhos e sua vida começa a desmoronar com revelações estranhas e perigo constante. pô, sessão da tarde, tem um emprego pra mim aí? só faltou um incríveis confusões.

pois bem. seria ótimo se a produção não apelasse à árvore que cai e impede a estrada de volta ou à construção totalmente absurda de personagens. com todos esses trejeitos batidos e imperdoáveis, qualquer cena engraçada ou divertida fica difícil de ser engolida.

é o contrário do que acontece no aclamadíssimo minha felicidade, de sergei loznitsa. um filme que foge de padrões, cria sua própria narrativa, seu próprio jeito de contar estórias, mas, mais que isso, fazer um mosaico que forme um painel desolador e brutal da rússia contemporânea e passada.

minha felicidade transpira violência e medo o tempo todo. qualquer pessoa presente pode ser morta por qualquer outra a qualquer momento. o plano inicial já mostra um cadáver abandonado sendo coberto por concreto. daí em diante, é o desenvolvimento de mini-contos sempre com o mesmo final, sempre com a mesma moral. a maioria deles possui um poder absoluto. o filme tem intenção de ser pesado e consegue com muita facilidade.

acaba sendo um exemplar do cinema russo de sempre - silencioso, lento, introspectivo - mas também com os dois pés no novo cinema romeno, que aliás é a nacionalidade de seu diretor de fotografia. o clima de terror, porém, perdura a projeção toda e fica ainda por um tempo.

pela temática e violência, seria um o albergue em versão road movie de arte. e deve reduzir os intercâmbios pra rússia em uns 95%, a não ser que as pessoas andem dentro de um bunker nas ruas.

ok, desculpem pelo último parágrafo de piadinhas mesmo em um filme como esse. simplesmente não posso evitá-las. foram os primeiros comentários feitos na saída do cinema, aliás.

e amanhã tem tio boonmèe!

(o herdeiro - 1.5/4, minha felicidade - 3.5/4)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

mostra - dia 7


Ex Isto, de Cao Guimarães

novamente, acabei perdendo um dia de mostra por motivos pessoais que nem sequer merecem ser relatados aqui - acreditem, se eu começasse a dizer, acabaria virando um livro, e um livro extremamente amargurado, revoltado e capaz de esculhambar um sem número de pessoas com palvrões, xingamentos e até mesmo socos de boxeadores pulando para fora da tela do computador. algum dia, talvez, eu coloque tudo isso no papel e publique, mas não será por meio deste blog.

dito isso, a boa notícia: esse provavelmente foi o último dia perdido de mostra. temos sete ininterruptos pela frente pra destruir o que sobra das capacidades soníferas e alimentícias deste corpo.

o sétimo dia oficial no calendário da mostra - quinto, portanto, com a minha presença - começou com ex isto, de cao guimarães, uma encenação absolutamente experimental sobre como teria sido uma visita de rené descartes ao brasil. é uma obra bastante conflitante em alguns aspectos e que acaba sendo sua principal inimiga, usando aqui este clichê dos esportes. impressionante esteticamente - um filme com longos planos do ator joão miguel, interpretando decartes, em diversas situações nos trópicos e da natureza e outros, sempre com narrações filosóficas ao fundo.

algumas imagens realmente são incrivelmente boas, ficando aqui o destaque pra um super close de uma aranha construindo uma teia. infelizmente, esse combo perfeição técnica de planos longos de praticamente nada (pelo menos por meia hora não existe outro ator em cena) + voz over com constatações filosóficas caminha de forma inevitável pra um sonífero infalível. quando o filme começa a surtar e inserir imagens e situações deslocadas dessa realidade toda, criando uma nova perspectiva e deixando de lado um suposto pedantismo, já é tarde demais. de qualquer forma, ex isto é, no mínimo, passível de interesse.

no mínimo passível de interesse também pode ser considerado o caso das divisões morituri, de fj ossang, o alvo da retrospectiva da mostra nesse ano. eu tenho uma pequena tendência a gostar de filmes malucos e pouco ortodoxos, e esse é completamente um deles. ossang, que desejou boa sorte à platéia antes do início da projeção, cria um universo à parte no qual gladiadores se matam em arenas e a polícia tenta impedir as apostas nesse jogo, indo atrás tanto dos lutadores como dos apostadores. a partir daí, se desenvolve uma ficção que foge de clichês e lugares comuns e se comporta de maneira absolutamente anômala, explorando várias das possibilidades imagéticas que o cinema oferece - desde variações nos tons de cor, enquadramentos e transições até as formas mais simples, como subtítulos que não deixam de piscar e se repetir na tela.

difícil partir de um filme como esse para algo tão quadrado e repetitivo como i wish i knew, de jia zhang-ke. eu provavelmente estarei dizendo algo que já disse antes, mas essa é uma frase metalinguistica: se algum dia eu encontrar zhang-ke na rua, vou pedir por favor, tenha caridade conosco e pare de SEMPRE FAZER A PORRA DO MESMO FILME. se você já viu qualquer um dos documentários desse cineasta sobre a china moderna, já viu este também. as pessoas vão rememorar suas infâncias e adolescências e as estórias de suas famílias na época da revolução sendo gravadas em lugares ermos, com cores frias e sem nenhuma interação com o público, a equipe ou qualquer outra coisa. uma vez, passa. mas é o trigésimo quinto filme igual de zhang-ke.

(aliás, observação pertinente feita hoje na fila enquanto aguardávamos pelo coutinho - zhang-ke tomou o lugar do amos gitai como cineasta mais repetitivo da atualidade. podíamos fazer um bolão sobre daqui a quantos filmes ele vai sair do rolê documentários sobre a china moderna, que tal?)

então, o misterioso e desconhecido um dia na vida, de eduardo coutinho. o filme sobre o qual ninguém sabia nada. o filme que, antes de ser iniciado, gerou devolução do ingresso pra todo mundo na fila - e porra, valeu mostra, mas vocês me deram dois ingressos de graça em vez de um - amamos quando esses erros acontecem! resumindo:

coutinho gravou 24 horas de todas as emissoras de televisão aberta brasileiras e fez uma colagem de uma hora e meia com tudo que existe de pior nelas. márcia, datena, casos de família, etc etc etc. é isso. começa com teleaulas de inglês, termina com venda de jóias na madrugada. obviamente, sem esquecer dos programas religiosos.

eu não quero entrar na discussão se isso é um filme ou não. não sei. não gosto de conceitos fechados e corretos, são coisas que pra mim não existem. se, com uma arma na minha cabeça, tivesse que escolher, eu diria que não - e é por isso que me abstenho de dar nota, apesar de ter achado uma experiência deveras interessante e ter gargalhado bastante com todas as bizarrices exibidas.

vale lembrar que provavelmente esse filme nunca mais será exibido, em lugar nenhum. questão de direitos autorais, vocês devem saber. por isso também foi mantido em segredo até o início da projeção.

(ex isto - 2.5/4, o caso das divisões morituri - 2.5/4, i wish i knew - 2/4, um dia na vida - s/n)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

mostra 2010 - dias 4 e 5


Cópia Fiel, de Abbas Kiarostami

senhores leitores, vejam o tamanho da minha tragédia:

decidi que sacrificaria o terceiro dia da mostra devido à minha paixão pelos esportes. no caso, naquele domingo, meus dois times do coração entrariam em campo para enfrentar seus arqui-rivais: o palmeiras jogaria contra o corinthians, o oakland raiders contra o denver broncos. um jogo às dezesseis horas pela televisão, o outro às dezoito pela internet. tudo devidamente encaminhado. até que, ao acordar, me deparo com uma grande surpresa: nada funciona.

a espera pela volta dos serviços prestados pela excelentíssima net durou o dia inteiro, sem nenhum sucesso. tive que ouvir pelo rádio o palmeiras ser derrotado por 1 a 0 e ver pelo play by play da internet do celular os raiders massacrarem os broncos por 59 a 14. e sem mostra. e sem filmes. e sem nada.

feito este amargurado relato, vamos ao que importa:

de volta à correria na segunda-feira, iniciamos com lost paradise in tokyo, drama bastante correto sobre dois irmãos e uma garota que se envolve com ambos tentando criar um mundo próprio dentro da capital japonesa. um dos irmãos é autista e tem um episódio bastante doloroso no passado, o que faz com o que o outro, a princípio, o mantenha constantemente trancado dentro do apartamento enquanto trabalha. aos poucos, uma compreensão maior cai entre a trupe e vemos aquelas mensagens que vocês já sabem quais são.

vou citar um ponto negativo específico que me irritou bastante e me impediu de gostar mais dessa obra de kazuya shiraiashi: o filme é de um maniqueísmo quase vontrieriano, existindo os três personagens em comunhão a partir de um certo momento lutando pelo bem e pela paz em suas vidas e encontrando no resto do mundo perversão e maldade. chega a ser praticamente desastroso o tratamento dado às pessoas externas aos três a partir de aproximadamente uma hora de filme. apesar disso, é uma obra sólida e bem construída, tanto temática como esteticamente. houvesse um pouco mais de tato da direção nesses momentos decisivos e o resultado poderia ter sido bem satisfatório.

momento de indignação, parte 1:

um homem abre um sex-shop. piadas com pintos. piadas com vibradores. piadas com bonecas infláveis. rejeição da sociedade. conflito. piadas com casais de velhos e pessoas mau-humoradas agora felizes. mais piadas com pintos. piadas com impotências. ah, o personagem principal é gordinho e desajeitado e tem um affair com uma delicinha completa.

que filme é esse? não, não é american pie 23, é revolução da luz vermelha, idiotice completa. que porra isso tá fazendo na mostra, sr. cakoff?

fim do momento de indignação, parte 1. sigamos. esse filme foi selecionado pelo programa petrobras cultural 2003. esses letreiros aparecem antes de bróder, de jefferson de. e eu que achava que meu média tinha demorado demais pra ficar pronto.

bróder, porém, é um filme muitíssimo bem construído, mesmo sendo mais um exemplar do rolê já clássico do cinema brasileiro galera da periferia. sempre lembro, nessas horas, do extinto turma do gueto da record e seu glorioso refrão de abertura, e aí malandraaagem. genial. voltemos ao que importa.

apesar de estar o tempo todo flertando com o crime e a tragédia, bróder se desenvolve como uma história - como o nome já sugere - sobre família e amizade. o filme mantém um ritmo constante e bastante acelerado, seus atores principais seguram a onda da dramaticidade toda - principalmente um caio blat versão mano sensacional - e tudo acaba sendo bem amarradinho e desenvolvido. não chega a ser uma obra-prima, nem um cidade de deus - e provavelmente a pretensão nem passa perto disso - mas o que importa é que ele tanto entretem como possui várias qualidades bastante louváveis. além, claro, do troféu diálogo da mostra até aqui:

- não é brother que fala, é mano, mano.

eu estou aqui enrolando pra falar sobre cópia fiel, do abbas kiarostami, talvez porque simplesmente eu não saiba o que falar sobre ele. me causou um efeito de embasbacamento gigante ao seu término, tanto com toda sua elegância - esse iraniano sabe onde por a câmera como ninguém, ou como poucos, como também quanto movimentá-la ou não, o que fazer com ela em cada situação. toda a sequência inicial, plano estático da mesa de entrevista enquanto vemos os créditos já é incrível e dá o tom do que virá a seguir - como por seu tratamento com o roteiro, com os personagens, com o desenvolvimento. aliás, a palavra elegância cabe pra essas instâncias também de forma brilhante.

dito isso, lembro da juliette binoche ao receber o prêmio de melhor atriz em cannes, agradecendo muito ao kiarostami pelo papel. o carinho do cineasta com os personagens é impressionante e transparente em cada cena. não quero interpretar nada, não quero dizer o que eu acho das "surpresas" durante a projeção. de verdade, não me importa. acho que não deveria importar a ninguém. fiquem com as impressões que quiserem, eu fico com as minhas.

um pobre cineasta francês, benoit magne, aparece numa sala de cinema em são paulo, numa terça-feira à tarde, e diz que aquela é a primeira exibição de seu filme NO MUNDO TODO. e eu ali, perdido. esse filme era o inesperado. simpático, barato, me identifico com esses sonhadores de vinte e poucos anos contando estórias sobre jovens tentando achar seus lugares no mundo - e estórias sem dinheiro nenhum para serem contadas. o problema é que essa aventura do sr. magne até ia bem, não como uma obra-prima, mas como um filme simpático e divertido até que a excelentíssima senhora personagem principal surta e começa a agir de forma totalmente diferente. pra um filme com foco TOTAL no seu objeto de retrato - no caso, essa garota - ter falhas tão gritantes de construção de personagem é um negócio quase destruidor.

momento de indignação, parte 2:

um adolescente sentado numa cama tem uma lista com nomes de garotas, a maioria já riscados. ele liga pra próxima, que atende, a princípio não se lembra dele e depois diz que terminou com o namorado. ela o convida pra ir à eslováquia. ele aceita. eles vão. após alguns dias lá, começa a pintar um clima. ela tenta beijá-lo, ele se recusa. foge. brigam. ela pega um cara num bar e ele fica puto com isso (?). ele faz um escândalo (???). ele vai a um bar, pega uma garota e, quando ela se oferece pra um boquete, ele fica transtornado e foge (?????).

puta que pariu, sra. ingrid veninger, diretora deste modra, se sua intenção era fazer o romance adolescente com os dois personagens mais irritantes, imbecis, mimados e tapados da história, você conseguiu, parabéns.

fim do momento de indignação, parte 2. terminemos.

para encerrar minhas escritas no dia da trágica notícia da morte do polvo paul, digo que cheguei hoje à conclusão que minhas aulas de russo tem sido completamente inúteis. isso porque entendi só uma meia-dúzia de palavras ditas em minha perestroika, documentário sobre os efeitos da abertura política russa na vida de alguns habitantes do país da vodka. é interessante e bem feito, mas me senti assistindo ao history channel. dispensável, a não ser por uma aula de laboratório de luxo.

(lost paradise in tokyo - 2/4, revolução da luz vermelha - 0/4, cópia fiel - 3.5/4, bróder - 2.5/4, o inesperado - 1/4, modra - 0/4, minha perestroika - 2/4).

sábado, 23 de outubro de 2010

mostra 2010 - dia 2


A Espada e a Rosa, de João Nicolau

existe uma doce ilusão que anda com você todos os anos na hora de montar sua grade pra mostra: esse ano, vou ser mais inteligente e deixar espaços de pelo menos uns 40 minutos pelo menos uma vez por dia, assim, posso me alimentar! pura e dolorosa ilusão. aos poucos, você percebe que é impossível. quando por um milagre do acaso você realmente consegue deixar esse espaço, vai ser atingido por qualquer tipo de outro imprevisto: restaurantes demorados, filas intermináveis, bares lotados. é como se uma força oculta do mundo te OBRIGASSE a almoçar ou jantar diariamente dentro das salas ou dos ônibus ou correndo pela augusta.

pior que isso, quando você insiste em almoçar decentemente sacrificando, com isso, quinze ou vinte minutos do próximo filme - o que obviamente é um erro imenso - será inevitável ter que sentar no chão ao lado da primeira fileira no filme seguinte. com o resto da cerveja na mão. com objetos estranhos tapando um pedaço da tela. e assim, segue eternamente a vida de mostra.

ano passado, um dos meus filmes preferidos na mostra foi still walking, fábula familiar lindamente dirigida por hirokazu kore-eda. o japonês, responsável também por ninguém pode saber, depois da vida, entre outras preciosidades, aparece agora com air doll. e a decepção não tinha como ser maior.

sendo direto ao ponto, o que me assusta nesse conto sobre uma boneca inflável que de repente ganha vida e sentimentos é a simploriedade como tudo é tratado. são metáforas óbvias e rasas em diálogos ainda mais óbvios e rasos. eu sou vazia por dentro, diz a personagem principal, ao que ouve a resposta todos nós somos. uau, parabéns, kore-eda!

a narrativa se desenvolve com a boneca aos poucos descobrindo o que é uma vida como humana, a convivência e as pequenas regras dessa sociedade. obviamente, ela estranha tudo e passa por situações bastante embaraçosas. a maioria dessas situações parece retirada de alguma comédia adolescente hollywoodiana com o mesmo tema. não parece nada com uma obra do mesmo homem que tinha feito filmes tão complexos como são seus três já citados nesse post, sobretudo depois da vida, no qual a discussão filosófica e metafórica alcança níveis extremos sem abandonar a beleza em momento algum.

se vocês pesquisarem ainda meu texto sobre still walking no ano passado, vão ver meu comentário sobre o fato de ser usada câmera estática em 98% do tempo. aqui, essa característica é abandonada, também por questões de linguagem que claramente se difere nas duas obras. porém, até mesmo na estética essa acaba sendo uma aparição preguiçosa da carreira de kore-eda.

agora, falemos de surrealismo.

o diretor português joão nicolau, presente na sala pra apresentar seu longa a espada e a rosa, disse em seu discurso pré-exibição algo como defendo um cinema livre, como a vida. livre de qualquer regra. e dedico esse filme aos mestres surrealistas que salvaram minha vida.

paixão, amigos. de novo ela aparece por aqui. mas antes, eu tinha visto o italiano-sardo a graça, de bonifacio angius, outro com elementos pendendo extremamente para o surrealismo. só que nada tem nenhuma condição de gerar nenhum tipo de interesse. personagens andam por estradas, figuras bizarras aparecem, desaparecem, reaparecem. a fotografia é escura, os atores são ruins. aos poucos, você se pergunta o que está fazendo naquela sala. e nada vai conseguir te responder. ah, o surrealismo.

então, o segundo exemplar, o já citado filme português. na primeira cena, o personagem principal já conquistou toda a platéia. em seguida, uma apresentação de sua vida, de seu mundo, uma aproximação. depois, uma imersão em um mundo de sonho, delírio e fantasia. se o cinema é a arte dos sonhos, como diz muita gente, a espada e a rosa é perfeito em toda sua concepção - faz sonhar. faz sentir. faz ter vontade de estar ali com aquelas figuras estranhas vivendo em um mundo aparentemente tão absurdo.

a única questão que impede a espada e a rosa de ser uma pequena jóia do nível de aquele querido mês de agosto, outra revelação portuguesa que a mostra nos deu uns dois anos atrás, é que sua duração de 142 minutos não sustenta todo o sonho e, a partir de um certo momento, o filme passa a se arrastar miseravelmente. o terceiro setor, por assim dizer, inteiro dele não possui metade do interesse e do carisma dos dois primeiros. mas é um fato que joão nicolau colocou seu nome na lista dos cineastas a se observar daqui em diante.

(air doll - 1/4, a graça - w/o, a espada e a rosa - 3/4).

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

mostra 2010 - dia 1

Turnê, de Mathieu Amalric

primeiro fato é que o meu post sobre o dia 1 de 2009 começa com algo parecido com queria dizer que não teve nenhum problema técnico no dia de abertura da mostra. e dessa vez, 2010, realmente não fui afetado por nenhum. acredito que seja impossível que não tenha acontecido nada, sobretudo no cinesesc ou no frei caneca, os reis dos atrasos, das panes de projeção, das falhas com legendas e todo o resto, mas, passando o dia todo no reserva cultural, as coisas correram perfeitamente.

segundo fato é que a mostra eternamente começa pra mim com um filme aleatório escolhido de olhos fechados pra tapar buraco, já que raramente tem coisas famosas na tarde do primeiro dia e o boca-a-boca ainda não foi gerado pra maiores recomendações. parece ser meio que uma perseguição constante o fato de eu sempre cair em filmes espanhóis nesse momento, deve ser a quarta vez ou algo do tipo. dessa vez, foi retornos, do debutante luis aviles. um filme raso e rápido, que passa batido em todos os seus aspectos e sobre o qual praticamente não existe o que se dizer. reconciliação de um pai que deixou sua família pra trás há 10 anos depois de um episódio trágico e é odiado por todos com mistérios e investigações policiais de pano de fundo. não é nenhuma bomba, mas não deixa marcas. nem pra bem, nem pra mal.

então partimos para a expectativa: poesia, de lee chang dong, vencedor do prêmio de melhor roteiro em cannes.

quem me conhece ou conhece o que eu costumo gostar ou não em cinema deve saber: eu tenho um ódio mortal por personagens idiotas. mais ainda por diretores que tratam seus personagens como retardados mentais. na minha errônea concepção cinematográfica, o personagem vem acima de tudo, até mesmo da estética. se a cada ação dele eu quiser me esconder de vergonha alheia, é quase impossível que eu goste do filme.

nos primeiros dez minutos de poesia, eu já tinha pensado internamente puta que pariu, mas que mulher mala umas treze vezes. isso pra não falar no seu neto. esse, nem merece comentários. mas tudo bem, isso não faz o filme ruim. e não é realmente um filme ruim.

a questão é que toda essa tradição do cinema oriental de mostrar a bondade das pessoas está oculta aqui, mascarada por alguns acontecimentos que parecem levar pra um caminho um pouco sórdido. além disso, a busca pela poesia em cada aspecto da vida contrasta com o dilema da citada senhora mala - o que é intencional, mas gerou um resultado bastante negativo. fiquei lembrando por muito tempo da força dramática enorme do mother, jóia coreana vista na mostra passada. por mais que sejam estilos tão diferentes, não comparar acaba sendo difícil.

gosto muito dos dez minutos que encerram o filme, onde realmente a conjunção poesia + lado sórdido funciona e existem algumas sacadas excepcionais por parte do premiado roteiro. mas acaba sendo pouco perto de uma obra eternamente arrastada e com personagens muito incapazes de segurar o interesse - justamente o contrário do que acontece em turnê, de mathieu amalric.

é muito provável que esse filme - que está longe de ser uma obra-prima ou coisa do tipo - tenha me tocado bastante pela proximidade do seu personagem principal comigo. o cidadão, um irresponsável semi-alcóolatra com todos os vícios do mundo mas com um coração enorme, é o produtor de uma companhia que atravessa a frança exibindo shows burlescos em teatros decadentes. em duas instâncias, a obra lembra demais o cinema de john cassavetes, obviamente com as devidas proporções guardadas - primeiro, nessa figura central, um quase robert harmon, segundo, na impressão que tudo está sendo constantemente improvisado.

o que também faz esse pequeno simpático filme crescer e até mesmo levar um prêmio de direção em cannes é que ele transborda paixão. paixão não só pelo fazer cinematográfico, mas por cada uma das suas crias, seja o produtor, seja pelas dançarinas, seja pelas figuras encontradas no caminho. nesse aspecto, me veio na memória outro belo filme da mostra 2009, o uruguaio mau dia para pescar. são retratos de sub-mundos e de outsiders visto com carinho por seus criadores. mais que fundamental.

(retornos - 1.5/4, poesia - 1.5/4, turnê - 3/4)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

inception

coloquei no twitter uma frase que me pareceu bastante adequada sobre inception: um grande nada cheio de tudo.

e a ironia toda é justamente eu começar esse post mencionando o twitter, rede social que teoricamente pede que você seja preciso, rápido, coeso no que for dizer. nenhuma enrolação, direto ao ponto, 140 caracteres. a impressão que eu tenho é que o christopher nolan nunca conseguiria ter um twitter - e este filme é uma confusão de raciocínios interminável. os assuntos se misturam, as sub-tramas se bagunçam, os dramas internos são esquecidos e depois relembrados com uma facilidade incrível.

não estou dizendo que um filme não pode ter sub-tramas, ser complexo, ter raciocínios longos, ser prolixo - sei que essa expressão parece deslocada aqui, mas me pareceu que cabia usá-la - afinal, meu cineasta preferido é jean-luc godard, praticamente o maior mestre do prolixes cinematográfico. mas a questão central é que nolan não consegue, ou talvez nem mesmo tenta, confeccionar esse ideário todo.

inception gera interesse em muitas formas, mas não se aprofunda em nenhuma. tem ali um personagem atormentado por culpa e pela memória, e em muitos momentos parece ser um filme sobre memória. tem mundos paralelos, discussões de sonhos, fantasia, efeitos especiais sensacionais. tem muitas sub-tramas, muitos caminhos a percorrer, muitos diálogos sobre todas as características mencionadas nesse parágrafo. infelizmente, tudo é um oceano de dispersão.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

sobre extremos

toy story 3 (lee unkrich, 2010)
a serbian film (srdjan spasojevic, 2010)

pode parecer estranho, mas eu não vi o primeiro toy story na época de seu lançamento. tinha sete anos de idade e desprezava desenhos. achava que eles eram pra crianças bobas e limitadas. ao mesmo tempo, levava comigo uma incrível frustração por não poder entrar no cinema e assistir aos filmes que realmente me agradavam - os de terror. eu, uma singela criança, mas com a mente já completamente pervertida por jason, michael myers e afins. brinquedo na tela, só se fosse o chucky.

acabei vendo de uma vez "toy story" e "toy story 2" ali pra 2003 ou 2004, auge da minha cinefilia, tempo que aprendi que todos os tipos de filmes podiam ser bons ou ruins, e que ser uma animação não impedia em nada que tivéssemos ali uma obra-prima. lembro que achei dois filmes divertidíssimos, mas deixei nesse ponto. nenhum tinha mexido muito comigo, causado grandes emoções ou qualquer coisa do tipo. tinha dado muitas gargalhadas, mas meu pensamento era simplesmente que eram boas peças de entretenimento.

engraçado notar que sete anos depois desse primeiro olhar e quinze do lançamento que a série realmente acabou causando um impacto grande em mim, quando eu já levava vinte e dois anos vividos e diversos tipos de experiências. a palavra central aqui é nostalgia. toy story 3 é um filme nostálgico, não para quem adorava os dois primeiros filmes, mas para quem era criança naquela época, gostando de filmes de terror ou o que fosse.

é uma saga sobre personagens incrivelmente carismáticos, principalmente woody e buzz, mas com todos os coadjuvantes merecendo destaques de nível também - não há um brinquedo dessa trupe principal que não desperte extrema compaixão ou simpatia. a partir daí, criada essa relação de proximidade entre personagens e público, a identificação geral pode alcançar níveis diferentes de profundidade. e eu acho que é onde o filme tem seu mérito principal - a transferência da relação andy-brinquedos para a relação espectador-brinquedos. essas antigas crianças, hoje já adultos, que um dia se importaram com aqueles pequenos objetos com os quais se divertiam e um dia acabaram se desfazendo deles de infinitas formas diferentes ou, quem sabe, ainda os mantém guardados em algum cômodo escuro e abandonado de suas casas.

a construção de pessoas passa diretamente pelas emoções, e relações com os brinquedos estão em algum lugar no início disso tudo. se aos sete anos eu preferia os filmes de terror por não enxergar em andy nada além que uma criança da minha idade que brincava da mesma forma que eu - vejam, identificação superficial, não emocional - hoje, isso muda radicalmente e me aproxima muito mais desse conto sobre brinquedos vivos que na idade que deveria ter acontecido.

essa análise acaba sendo completamente pessoal, uma vez que eu não preciso entrar em méritos de qualidade de animação, roteiro, competência extrema na transição de gêneros e tudo o mais. primeiro, porque todo mundo já falou disso. segundo, porque o que realmente me importa em toy story 3 é essa forma com a qual ele realmente me pegou.

na mão contrária, nós temos essa demonstração bizarra de sadismo e ultra-violência que é a serbian film, um snuff-movie que abusa do sangue espirrando para todos os lados e na tortura pesada - sobretudo sexual - para... para nada. é desses casos de choque fácil, obra que não analisa nada, não traz nenhuma inovação, nenhum conteúdo ou nenhuma estética que mereça destaque, mas que simplesmente se apóia numa tentativa de causar repulsa - ou prazer, nunca se sabe - para uma conquista de público.

é dentro desse extremo que vemos um tipo de filme incapaz de dizer qualquer coisa ou causar qualquer emoção, empatia pelos personagens, uma relação além do oi, eu sou o filme, te mostrei um cara comendo o cu do filho de cinco anos e o sangue espirrando e você escondeu a cara e achou isso repulsivo. obrigado. eu não consigo ver isso como cinema ou como qualquer coisa digna de nota.

toda a maturidade demonstrada por toy story 3 desaparece em a serbian film. não existe sensação de medo, normalmente o principal fator dos filmes de terror, a narrativa é pobre e se desmonta antes que possa causar maior impacto. a força é das imagens. mas não por sua beleza, sua construção ou sua estética, mas pelo seu choque. um desperdício de uma experiência que poderia ser absolutamente visceral.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

the hurt locker














filmes de guerra tem algumas vertentes para seguir. alguns exploram o lado psicológico dos combatentes e a completa degradação mental durante o período de conflito (full metal jacket, kubrick), alguns focalizam quase o tempo todo na ferocidade da batalha, com a intensidade e a ação sendo predominantes (resgate do soldado ryan, spielberg), alguns se contentam em fazer retratos e trazerem mensagens pessimistas e pacifistas sobre tudo aquilo (gloria feita de sangue, kubrick again) e alguns simplesmente mostram cruamente o quanto a guerra é uma completa idiotice desumana (vá e veja, klimov), apesar de quase todos se encaixarem nessa última categoria, mas sem a mesma ênfase. a não ser, claro, que estejamos falando dos filmes do ridley scott.

the hurt locker é tudo isso.

primeiro, é um filme de constante tensão, com três ou quatro cenas memoráveis nesse aspecto, com um destaque especial pra uma certa mosca. o perigo e a eminência da morte são duas características tão óbvias que o público é levado a prender a respiração e se envolver em cada segundo da ação.

segundo, é um filme de construção e destruição psicológica ímpares. os personagens estão em constante mudança, totalmente influenciados pelo meio no qual se encontram - a guerra, a morte. alguns se tornam mais estúpidos e descerebrados com isso. outros, depressivos. sair de lá é uma necessidade. voltar, talvez também seja.

terceiro, é um filme com ritmo, com direção acuradíssima, com atuações sensacionais, sobretudo de jeremy renner, o desarmador de bombas. bigelow, diretora que eu tinha visto um filme até então, o medíocre k-19, surpreende bizarramente com talento e pleno controle de sua obra. tudo está absolutamente no lugar.

são cinco ou seis cenas completamente memoráveis. destaco especificamente a mais sutil delas, uma envolvendo um supermercado, que dá um incrível nó na garganta.

temos aqui uma jóia tanto em visual como em conteúdo. james cameron podia ter se divorciado alguns anos depois e aprendido que cinema precisa dos dois lados.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

cédula alfred 2009

abrindo aqui meus votos pra edição 2009 do alfred, prêmio concedido atualmente pela liga dos blogues cinematográficos:

FILME DO ANO
Deixa Ela Entrar
Amantes
Gran Torino
3 Macacos
Aquele Querido Mês de Agosto

DIREÇÃO
James Gray, por Amantes
Quentin Tarantino, por Bastardos Inglórios
Clint Eastwood, por Gran Torino
Tomas Alfredsson, por Deixa Ela Entrar
Nuri Bilge Ceylan, por 3 Macacos

ATOR
Mickey Rourke, por O Lutador
Joaquim Phoenix, por Amantes
Phillip Seymour Hoffman, por Dúvida
Yavuz Bingol, por 3 Macacos
François Bégaudeau, por Entre os Muros da Escola

ATRIZ
Meryl Streep, por Dúvida
Kate Winslet, por O Leitor
Lina Leandersson, por Deixa Ela Entrar
Angelina Jolie, por A Troca
Kate Winslet, por Foi Apenas um Sonho

ATOR COADJUVANTE
Christoph Waltz, por Bastardos Inglórios
Zach Galifianakis, por Se Beber, não Case
Michel Blanc, por As Testemunhas
Bee Vang, por Gran Torino
Eric Cantona, por À Procura de Eric

ATRIZ COADJUVANTE
Gwynet Paltrow, por Amantes
Marisa Tomei, por O Lutador
Penelope Cruz, por Abraços Partidos
Emmanuelle Béart, por As Testemunhas
Vinessa Shaw, por Amantes

ELENCO
Dúvida
Ervas Daninhas
As Testemunhas
Bastardos Inglórios
Horas de Verão

CENA DO ANO
Hans Landa interroga o francês, em Bastardos Inglórios
Definições no dicionário, em Polícia, Adjetivo
Incêndio do cinema, em Bastardos Inglórios
Randy volta a lutar, em O Lutador
Kowalski se entrega, em Gran Torino

ROTEIRO ORIGINAL
Polícia, Adjetivo
3 Macacos
Aquele Querido Mês de Agosto
Valsa com Bashir
Se Beber, não Case

ROTEIRO ADAPTADO
Deixa Ela Entrar
Entre os Muros da Escola
Watchmen - O Filme
Dúvida
A Erva do Rato

FOTOGRAFIA
3 Macacos
Amantes
Bastardos Inglórios
Che - A Guerrilha
Deixa Ela Entrar

MONTAGEM
Gran Torino
O Lutador
Entre os Muros da Escola
Bastardos Inglórios
Deixa Ela Entrar

DIREÇÃO DE ARTE
Bastardos Inglórios
Avatar
A Troca
O Curioso Caso de Benjamin Button
Austrália

EFEITOS VISUAIS
Avatar
Watchmen - O Filme
Arrasta-me para o Inferno
Bastardos Inglórios
Distrito 9

PIOR FILME
Anticristo
The Spirit
Quanto Dura o Amor?
O Leitor
Quem quer ser um Milionário?

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

top 10 - anos 00

depois do top 10 de 2009, chegamos a um ainda mais importante: o top 10 dos anos 00. ao contrário de alguns amigos consideravelmente malucos, não vou fazer um top 100, levaria dias pensando nisso. entre 10 é mais fácil, e certeza que ainda vou esquecer de algo.

menções honrosas: As Cinco Obstruções, de Lars von Trier, Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, Senhores do Crime, de David Cronenberg, Kill Bill vol 1 e 2, de Quentin Tarantino,Elefante, de Gus van Sant, Antes do pôr-do-sol, de Richard Linklater, Wall-E, de Andrew Stanton, O Novo Mundo, de Terrence Malick, O Labirinto do Fauno, de Guillermo del Toro,Síndromes e um Século, de Apichatpong Weeresetakul, O Quarto do Filho, de Nanni Moretti,Femme Fatale, de Brian de Palma, O Sabor da Melancia, de Tsai ming-liang, Oldboy, de Chan-wook Park, Mother, de Boon-jo Hong,Prova de Amor, de David Gordon Green, O Filho Perdido de Havana, de Jonathan Hock, Amantes, de James Gray e Sangue Negro, de Paul Thomas Anderson.

prêmio especial: pra todo o conjunto da obra de clint eastwood, com sobre meninos e lobos, menina de ouro, cartas de iwo jima e gran torino, todos filmes que não entraram na lista por muito pouco.

a lista:

10.


Marcas da Violência (A History of Violence)
David Cronenberg
EUA, 2005.

9.














A Última Noite (25th Hour)
Spike Lee
EUA, 2002

8.














Caché
Michael Haneke
França, 2005

7.














Irreversível (Irreversible)
Gaspar Noe
França, 2002

6.














Encontros e Desencontros (Lost in Translation)
Sofia Coppola
EUA, 2003

5.













Santiago
João Moreira Salles
Brasil, 2007

4.














Deixa Ela Entrar (Lat den ratte komma in)
Tomas Alfredsson
Suécia, 2008

3.















Eternamente Sua (Sud sanaeha)
Apichatpong Weeresetakul
Tailândia, 2002

2.













The Brown Bunny
Vincent Gallo
EUA, 2002

1.













Cidade dos Sonhos (Mulholland Drive)
David Lynch
EUA, 2001.

podem haver alterações com o passar do tempo. se você não gostou, recomendo a lista da cahiers du cinema (http://bit.ly/4EDfHm). mas, em como toda lista que se preze, mulholland drive é o número 1.