quinta-feira, 29 de outubro de 2009

mostra - dia 7












Backyard, de Carlos Carrera: esse é o tipo de filme para o qual existem dois tipos de pessoas - as muito boas e as muito ruins. essa distinção não é simplesmente perigosa, é absolutamente trágica para qualquer obra dramática que se preze. fica difícil acreditar na consistência de qualquer personagem, nas ações, até mesmo na sinceridade do diretor. a intenção de backyard, inicialmente um policial típico com estrutura absolutamente hollywoodiana, é ser um filme denúncia contra os assassinatos de mulheres em crimes sexuais, principalmente na cidade juarez, méxico, onde a trama se passa. queira ou não, acaba sendo eficiente nesse proposta, deixando um certo nó na garganta. mas o preço foi consideravelmente alto. 1.5/4

Mau Dia Para Pescar, de Alvaro Brechner: fazendo a velha brincadeira do contraste entre dois filmes, o que em backyard era o principal problema, aqui é a principal virtude: a construção dos personagens. mau dia para pescar é um filme relativamente leve sobre uma dupla formada por um cidadão que se intitula "príncipe", empresário, e o "campeão mundial" de luta-livre, homem imbatível, que viajam por cidadezinhas sul-americanas oferecendo espetáculos. centrado nesses dois personagens, o filme consegue conferir humanidade e dignidade suficiente aos dois, ambos complexos e com múltiplas faces. conforme acontece o desenvolvimento, temos uma aproximação de "o lutador", grande filme recente de darren aronofsky, mas sempre num tom mais alegre e, sobretudo, mais leve. ainda é bastante sóbrio estéticamente. grata surpresa. 2.5/4

Polícia, Adjetivo, de Corneliu Porumboiu: Taí o novo excepcional produto do cinema romeno. Vindo de Porumboiu, que já tinha feito "A Leste de Bucareste" - que é pelo menos um dos meus 3 filmes favoritos dos produzidos por essa geração sensacional - temos aqui ainda uma evolução do anterior, seguindo a mesma linha, de um filme lento e reflexivo, que se apoia em planos longuíssimos e diálogos tão longos quanto, discutindo aqui a justiça, a consciência e a moral, entre outros temas que vão aparecendo após um policial se recusar a prender um adolescente que fumava maconha por achar esse um motivo banal para se destruir a vida de alguém. A estrutura é a mesma do filme anterior de Porumboiu, mas claramente amadurecida, mais preparada para sustentar um desenvolvimento dentro das características já apresentadas. E mesmo com toda a duração dos planos, diálogos e o que for, o tempo passa voando durante a projeção. 3.5/4

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