35 doses de rum, de claire dennis: um olhar sobre a separação entre pais e filhos vindo da diretora francesa claire dennis. no caso, é separação entre pai e filha. eles moram num pequeno apartamento no subúrbio parisiense, ele é operador de trens, ela é a melhor aluna da sala. o filme se desenvolve, mas é muito arrastado, demora muito pra chegar a algum ponto realmente interessante. a partir daí, tem algumas passagens magníficas, como toda a sequência entre a saída pro teatro que acaba num mini-baile num boteco. a resolução é a esperada, mas nada no filme salta muito aos olhos, em campo algum. vale por ser mais uma peça na interessante cinematografia da diretora. 2/4
ervas daninhas, de alain resnais: depois de fazer o excepcional "medos privados em lugares públicos", resnais apareceu na seleção oficial de cannes com esse aqui. a impressão clara é que o diretor, já com 87 anos e sem dúvida um dos maiores mestres de toda a história do cinema, autor de obras-primas como "noite e névoa" e "o ano passado em marienbad", hoje faz filmes se divertindo absurdamente, sem maiores preocupações. esse é todo o aspecto de ervas daninhas, comédia romântica com toda a habilidade estética de resnais, brincadeiras narrativas, bom humor destilado por todos os lados. é uma obra que nem parece de um senhor de 87 anos. mas é, e ele ainda tem toda essa competência pra, mais que se divertir, fazer o público todo feliz. 3/4
sussurros ao vento, de shahram alidi: antes de mais nada, fotografia lindíssima, um filme com cuidados especiais de câmera, de colocação, com muitos pontos de reflexão sobre a imagem - todo movimento tem sentido, é cuidadosamente planejado, um trabalho realmente sensacional. o filme é sobre um mensageiro que viaja pelo curdistão, eerr, entregando mensagens. "perdi meu filho na guerra", "por favor, peçam pro meu filho voltar", etc etc etc. basicamente, é um grito extremo de manifesto nacionalista do curdistão, com algumas cenas que GRITAM liberdade, como a transmissão por uma rádio proibida do choro de um recém-nascido após um massacre do exército iraquiano, como se quisesse dizer "os curdos vivem". me irrita um pouco fazer um filme com todos esses clichês sobre o sofrimento de um povo oprimido, mas colocando na balança, esse aqui é realmente foda. 3/4
mother, de bong joon-ho: aclamado mundialmente pelo terror esquisito o hospedeiro, lançado uns dois ou três anos atrás, o coreano bong joon-ho volta agora com um suspense esquisito, história sobre uma mãe de um filho retardado que tenta provar a inocência após seu filho ser acusado de assassinato. digo esquisito porque são infinitos elementos de comédia enfiados no meio de uma forma bem atípica, como já ocorria em o hospedeiro. o negócio aqui é que a construção do filme é sensacional, tanto no que diz respeito ao clássicoinvestigação do crime, principalmente nos personagens, todos com começo, meio e fim em suas trajetórias - impossível não pensar em moral ao escrever aqui, mas eu não gosto da palavra e talvez o filme também não goste. fato é que, se não é uma obra-prima, chega perto. 4/4
nota-se como fator interessante aí o fato que os dois melhores filmes até agora são asiáticos. vamos ver como esse painel se desenvolve durante a mostra.
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