e vamos a mais um aguardado (not) top 10: filmes lançados no brasil em 2009, por carlos massari:
10. A Troca, de Clint Eastwood
O ícone dos filmes de macho que cada vez mais se torna um camaleão do cinema com a idade é o responsável por esse melodrama de sobriedade rara. Com domínio do gênero, faz um filme que consegue ser muito emocional sem se tornar irritante. Coisa rara.
9. Arrasta-me para o Inferno, de Sam Raimi
Do trash para os grandes sucessos de Hollywood e, então, de volta ao trash. Sam Raimi mostra que os Homem-Aranhas da vida não corroeram sua capacidade de dar vida ao seu gênero preferido. Drag me to Hell assusta quando quer e faz rir quando quer. É cinema eficiente e divertido e, sobretudo, realizado por quem sabe o que está fazendo.
8. Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino:
Cinema é a exploração dos limites da imagem e do som. Essa, melhor dizendo, é a arte cinematográfica. E por isso Quentin Tarantino é um dos grandes nela. Temos aqui mais um exemplar puro de cinema, de planos lindamente construídos, quadros, ângulos, movimentos. Imagem e som, simples assim. Tudo com a já registrada embalagem pop do cineasta, com os diálogos e as artimanhas muito bem conhecidas. Ficam os destaques pra toda a sequência de abertura e pra toda a sequência do cinema. Só não é uma completa obra-prima por diversas inconsistências, sobretudo com os personagens.
7. Polícia, Adjetivo, de Corneliu Porumboiu
A palavra e a moral. A discussão. Personagens que tentam encontrar suas verdades para confrontá-las com as verdades dos outros. Os planos longos e trabalhados de Porumboiu retratando a reconstrução de uma sociedade após o fim do regime ditatorial. Toda a cena com o dicionário é memorável.
6. O Lutador, de Darren Aronofsky
O antes imaturo Aronofsky, que fazia mil cortes por segundo e filmes de moralismo ímpar com amplo julgamento de personagens, parece estar morto. O Lutador, com atuação épica de Mickey Rourke, é um filme feito com o coração. Seus personagens são figuras errantes e perdidas, mas nenhuma delas é julgada. A câmera não interfere, só acompanha. E o resultado é uma obra poderosa, um verdadeiro requiém.
5. Aquele Querido Mês de Agosto, de Miguel Gomes
"Explorar fronteiras entre documentário e ficção" é o grande clichê do cinema contemporâneo. É um dos méritos dessa jóia portuguesa, sem dúvida, mas o ponto principal é a beleza das cenas, das figuras retratadas, a paixão do cineasta por tudo o que é filmado e o cuidado nesse retrato das férias de verão na terra de Cabral. A música, as personagens fascinantes e o humor também são peças fundamentais.
4. Três Macacos, de Nuri Bilge Ceylan:
4. Três Macacos, de Nuri Bilge Ceylan:
Um filme sobre moral, sobre aparências, sobre famílias e vidas sem sentido de existência. Um filme com fotografia, enquadramentos e, sobretudo, ritmo impressionantes. Cada diálogo é encoberto pelo peso dos silêncios. A vida é encoberta pelo peso do silêncio.
3. Gran Torino, de Clint Eastwood:
3. Gran Torino, de Clint Eastwood:
Clint Eastwood aqui é o Clint Eastwood que nos acostumamos a ver por décadas. Veterano de guerra, patriota, assiste beisebol enquanto bebe cerveja. Vive solitário. Seu maior bem é um carro antigo. Duro, ranzinza, ele aos poucos se liberta. O cineasta disse que este filme era a morte da figura principal que havia construído com os anos. De fato, é. Mas este é um belíssimo ponto final.
2. Amantes, de James Gray:
A definição de cinema feita no Bastardos Inglórios também se aplica aqui: Por trás dos personagens tristes, perdidos na cinzenta Nova York, está um cuidado ímpar com a imagem, com os reflexos, com as janelas, com os olhares. Uma estória linda com personagens fantásticos contada por uma das câmeras mais conscientes dos últimos anos. Uma obra-prima.
1. Deixa Ela Entrar, de Tomas Alfredsson:
1. Deixa Ela Entrar, de Tomas Alfredsson:
Este é um romance entre um humano e uma vampira. Eles são adolescentes. Mas aqui, a intenção é fazer arte. Aqui, o público não são pré-adolescentes toscas, mas adultos que batem a cara contra o muro diariamente. Sangue, sexo, dor, sofrimento, tensão. Tudo aqui é real. Tudo tem seu papel dentro do filme, filme conduzido lindamente por Alfredsson em ritmo e em consistência. É da proximidade desse romance improvável que surge o grande filme do ano.
Em breve, dez filmes para uma década. Fiquem atentos.
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