domingo, 1 de novembro de 2009

mostra - dia 9













Traga-me Alecrim, de Josh e Benny Safdie: Taí um filme que parece não ter absolutamente nada de especial, mas se sustenta no carisma de seu protagonista e no bom desenvolvimento do roteiro. É a história de um pai que passa apenas duas semanas por ano com seus filhos, e durante esse período, apronta altas confusões com eles. Alma absoluta indie, com o personagem irresponsável que arruma viagens de última hora, dá remédios potentes pros filhos dormirem, enfim, faz tudo errado até não poder mais, mas sem dúvida é uma boa pessoa e faz o público ficar a seu lado. Dá pra ver uma pontinha - só uma pontinha, muito pequena - de cassavetes aqui, até mesmo esteticamente. 2.5/4

Dente Canino, de Giorgos Lanthimos: Esquisito, bizarro, sem noção. Qualquer palavra dessa classe define perfeitamente esse filme grego premiado na Un Certain Regard. O mundo paralelo de uma família isolada do mundo, com regras e definições próprias, salta aos olhos: sexo oral como moeda, gato um animal mortal, zumbis pequenas flores do jardim, competições pelos prêmios estranhos da família. Nós achamos tudo isso estranho porque nossas regras de convivência são definidas previamente, muito tempo atrás. Não se pode dizer, porém, que as nossas são certas e as deles são erradas. Moral é relativa, ponto. Só não sei se a intenção do diretor Lanthimos era essa ou se era só chocar e fazer gracinha. Por isso, não sei também o que achei do filme. Na primeira situação, 3/4, na segunda, 0.5/4.

A Fita Branca, de Michael Haneke: Filme mais aguardado da mostra, Palma de Ouro em Cannes, sofre cronicamente de um problema sério: Falta de personalidade. Simplesmente não se enxerga Michael Haneke - diretor, lembremos, de Violência Gratuita e todo seu sadismo, de Caché e a navalhada do pescoço - por aqui. É sem dúvidas um filme de classe, enquadramentos perfeito, estetica firmemente constrúida sobre a linda fotografia em preto-e-branco, tudo absolutamente no lugar. A reflexão sobre o nascimento do fascismo é inteligente, também, e o todo do filme sem dúvida funciona muito bem. Só que porra, Haneke, você não é Bergman. O filme é todo por demais bergmaninano, por demais buscando a força das palavras, das situações como a sua força principal - as discussões médico/parteira GRITAM "cenas de um casamento!, cenas de um casamento!". e é essa falta de personalidade, falta de ser si mesmo de michael haneke, que evita que tenhamos uma real obra-prima aqui. 3/4.

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